Brincando com Palavras

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Local: Rio de Janeiro, RJ, Brazil

Sou a prima mais velha de uma turma de 32 primas! Gosto de rir e de fazer rir. Adoro conversar, mas principalmente de ouvir. Beber Mate, vinho e Martini. Ver filme aos sabados com os amigos. Sou fiel aos meus sentimentos e respeito os dos outros. E de escrever, é lógico!

domingo, janeiro 21, 2024

Que história é essa Leonor? Episódio 14

 O assunto tinha tudo pra ser triste, mas...

Uma de minhas primas perdeu o filho quando ele tinha apenas um mês (ou quase isso) de nascido. 

No dia do enterro poucas pessoas foram se despedir do pequeno anjo. Minha prima não foi, nem sua mãe. Eu fui pra dar apoio ao marido dela. A família  dele foi, mas minha prima havia pedido ao marido que o pequeno caixão não ficasse aberto. Ele atendeu ao pedido da esposa enlutada. E aí começa a história. 

Eu estava na ponta do caixaozinho branco rezando para que Deus desse forças à minha prima para aguentar essa perda, quando começo a escutar uma discussão entre o pai enlutado e sua família. A avó paterna queria que deixasse o caixão aberto e o pai se negava. O tom de voz foi ficando alterado e mais alto. 

Eu, tentando me concentrar na reza e a briga rolando. Até que não me aguentei mais e, dando um soco no  caixão, pedi silêncio! Falei: "querem brigar, vão brigar lá fora!!"

Fez-se o silêncio e só aí percebi que havia socado o caixaozinho! 

Meu coração pediu perdão e comecei a chorar muito.

Fui assim, chorando muito até perto da gaveta, onde seria colocado o caixão!

No choro desesperado, mas contido, tive um suspiro daqueles que o peito dá e... engoli um bicho de flor!!

O bicho ficou preso na garganta!! Coloquei o lenço na frente do rosto e tentei "regorgitar" o inseto, mas ele não saia! Nisso o pai da criança  vem em minha direção e me abraça e diz no meu ouvido: "Eu vi que você engoliu o mosquito!"  

A cena foi tão inusitada que começamos a rir! Muito! Ficamos assim abraçados e rindo! Mas quem olhasse nos imaginaria chorando. Nos balancávamos de tanto rir!

E o  caixaozinho branco foi para a morada eterna com seu pai e sua prima dando boas gargalhadas. Por que anjinho não precisa de lágrimas!

sábado, janeiro 06, 2024

Que história é essa Leonor? Episódio 12

Na época eu ia e voltava do trabalho de van. Eu era a primeira a entra e a última a sair. Por isso eu sempre sentava no cantinho da janela do último banco. Era sentar  me acomodar e dormir!! Adoro dormir em transporte. 

É lá estava eu no sono profundo e escuto o motorista gritar: "alguém quer ler jornal?" Eu, como adoro ler jornal, levantei os braços e gritei (bem alto) EUUUUUU!

DE repente, percebi que o jornal não veio e que as pessoas ao meu lado, me olhavam assustadas!!! Era sonho!!!

Fechei os olhos e fingi que dormia, mas a vergonha me consumia.

Ao chegar na Central do Brasil, a van parou, algumas pessoas se levantaram, inclusive as que estavam do meu lado. Na calçada eu as vi a olhando pra mim! A van arrancou e as deixou na calçada sem entenderem o que acontecia.

Qdo fiquei sozinha com o motorista eu contei pra ele que aquelas pessoas não iam ficar na Central. Espantado, ele me perguntou pq eles desceram? E deu contei meu sonho. Ele me contou que havia perguntado: "alguém vai descer na Central?"

Eu o aconselhei a nunca mais pegar aqueles passageiros para não apanhamos dentro da van!!

Conselho: não durmam na van, se dormirem não sonham, se sonharem não gritem  por favor!

Editando: 

essa história não terminou aí.  Dias depois eu saia do mercado à noite e ouvi alguém falar: EU, EU, EU. Eu conhecia essa frase, qdo olhei pra rua vi a minha van. O motorista estava contando minha história para os passageiros !!! Bati no vidro da janela dele e ele disse: "Foi ela, foi ela!". Não eram "aqueles" passageiros, eram outros. O motorista (Mauro  meu amigo) estava se divertindo com a história! Avisei que ia cobrar direitos autorais kkkkkkkkkkkkm

domingo, dezembro 31, 2023

Que história é essa Leonor? Episódio 11

Histórias de Reveillon :

Eu me arrumando para ir passar o reveillon na casa do meu tio e minha vizinha me chama pq tinha uma ligação pra mim (eu não tinha telefone). Era minha cunhada e me conta sussurando: "fui pegar uns pratos no armário e encontrei um tubo de superbond, sem querer espirrei a cola no olho"!!!!!!!!!!!!

E eu: "pq vc está  sussurando?"

Ela: "pq estou no banheiro para as crianças não perceberem que estou com os dedos colados no rosto!! Fui tentar abrir o olho e colei os dedos no rosto!

É  lógico que antes de qualquer pergunta eu tive que rir.

Quis saber onde estava meu irmão e ela me contou que ele tinha ido levar algumas coisas pra onde íamos passar o reveillon. 

Resumindo: ela foi levada para o hospital quase meia noite! Imaginem os tipos de médicos que estavam de plantão de reveillon!   Quase arrancaram o olho dela fora!

Até hoje tenho pavor de superbond!

sábado, dezembro 23, 2023

Que história é essa Leonor? Episódio 10

Após meu filho se casar me sobrou um tempinho livre, então me arrisquei a conhecer um jogo de computador!

O jogo consistia em vários mundos, onde eu teria uma ilha! Muito fofo!

Minha ilha tinha uma mina de ouro e florests com madeiras.

Toda noite eu chegava do trabalho e visitava minha ilha. Aos poucos ela foi evoluindo. Já tinha taberna, museu, biblioteca, navios, peões, marceneiros etc.

Já fazia trocas e compras com outras ilhas. Vendia também! Tudo lindo!

Uma noite quando entrei pra saber como estavam meus habitantes, descubro que em 2 horas seria invadida por 27 navios!!

Entrei em desespero andando pela casa!

Como lutar contra piratas??

Eu era uma comerciante!! Nem armas para me defender eu tinha!!

Já imaginava meus peões morrendo, meu museu pegando fogo, minhas mulheres sendo estrupadas, meus animais degolados, as crianças escravizados!!

Me sentei em frente ao computador sentindo que tudo o que eu havia construído setia destruído.

Mas, de repente, meu instinto estrategista falou mais alto, e eu derrubei meu porto!! Sem ele, os piratas não teriam como aportar. E eu vi, aliviada  os 27 navios retornando.

Fiquei tão empolgada, que de repente minha ficha caiu!!

Que loucura foi essa? Como me deixei levar dessa maneira?

E  entendi pq crianças e adolescentes se envolvem tanto nos jogos virtuais. São encantadores!!

Derrubei meu jogo!

Agora só jogo do bicho, é mais saudável!!

sábado, novembro 25, 2023

Que história é essa Leonor? Episódio 6

Levei meu filho para passar um feriadão em um hotel Fazenda em Raposo/RJ. 

Lugar maravilhoso para uma criança de seis anos e que vive na cidade. Apesar de minha mãe viver, na época, em um sítio em Mendes, um hotel Fazenda causa muito sucesso.

Carros puxados a boi, com aquela música que as rodas de madeira produzem, é de fazer qualquer menino correr pra ver!.

Um espaço com águas minerais saindo da fonte, acordar às 4h30m para ajudar a tirar leite da vaca e tomar o líquido ainda quentinho; só comer alimentos da horta do hotel, passear à noite, pela Fazenda, num trenzinho todos iluminado e tocando música é muita alegria.

Uma manhã fiquei curiosa se por ali havia uma cachoeira. O hotel tinha piscina, mas piscina é muito normal!

Procurei saber se dentro da fazendo havia uma cachoeira e, a resposta um pouco mineira, foi "ê  por ali"

É lá Fui eu, com Bruno correndo na frente, pelo caminho indicado.

Andamos, andamos, andamos! Cruzamos um milharal que não acabava nunca! Passamos pó um chiqueiro super moderno, onde as baias eram pavimentadas e divididas por um corredor! Entramos  e os porcos divididos por tamanho, mães com filhotes, filhotes adolescentes, porcões! Todos dormindo! Bruno resolve perguntar pq eles usavam brincos (marcadores)! Antes que eu pudesse responder todos os porcos acordam e começam  reunir em alto e bom som! Só nos restou correr!!

Continuamos a peregrinação a procura da cachoeira!

Enfim, encontramos!

Até eu chegar perto Bruno já tinha arrancado a roupa e só de cuequinga já estava na água!

O lugar lindo! Uma cachoeira pequena, mas que formava uma piscina Boa para se refrescar. 

Olhei para todos os lados e como não tinha ninguém por perto, resolvi tirar as roupas e também entrar na água! Me senti a própria Iara naquele momento! Uma ligação profunda com a natureza e meu filho! 

Na volta para o hotel, como estávamos molhados, entramos pelos fundos, passando pela cozinha! Ao nos ver, os funcionários nos perguntaram pq estávamos daquele jeito e  eu muito feliz contei o que tinha feito. Eles se olharam espantados e eu os tranquilizei dizendo que não havia ninguém por lá e por isso pude tomar banho sem roupa! E ouvi a resposta:

"Não tem ninguém lá pq aquela cachoeira tem muitas cobras"


Como eu já disse "Deus protege os loucos e as criancinhas"

sexta-feira, novembro 17, 2023

Que história é essa Leonor ? Episódio 45

A semana foi sem dúvida uma semana de imagens tristes a nos mostrar o quanto somos frágeis.

Mas em meio a tudo isso, Deus me mostrou que meu coração ainda pode sentir um grande amor!

E eu que achava que havia superado essas fases e que não me entregaria assim tão fácil a outro ser.

É lógico que não estou falando das minha pessoinhas queridas, como meu neto, meu filho, sobrinho-neto e etc.

Esses são meu amores incondicionais.

Eu havia fechado meu coração pra outros tipos de amor, seja para humanos ou animais, desde a minha última  separação amorosa e após a morte da minha gata Miúda.

Aí vem Deus, na quarta-feira de manhã e coloca no meu caminho um filhotinho de andorinha que, provavelmente, caiu do ninho, feito pela mãe no telhado do meu prédio!

A princípio eu o tirei do caminho com medo de que alguém, não tão observador, o pisasse. Peguei-o sabendo que a partir daquele momento sua mãe o rejeitaria, por sentir nele, o cheiro dos humanos!

Coloquei-o num vaso com plantas perto da portaria do prédio e fui para o trabalho. Mas durante o dia minha mente não parava de pensar naquele serzinho no sol que vinha aparecendo no Rio de Janeiro. E a noite, ao voltar para casa, incrivelmente ele ainda estava vivo e me esperando!

Agora não tinha mais jeito e eu já estava apaixonada por ele.

Levei-o para casa e o acomodei dentro de uma cestinha com palha da última Páscoa. Depois percebi que a palha era de um tamanho muito grande pra ele e troquei a palha por pedaços de pano. Na Internet li que podia alimentá-lo de água com mel e assim o fiz. Ele, esticava o pescocinho pelado e abria o bico, maior que seu corpo!

Na hora de dormir coloquei a cestinha a meu lado na cama e o envolvi com os panos. Durante a noite acordei umas três vezes para verificar se estava tudo bem. Como qualquer mãe que tem um bebê e se assusta quando ele está dormindo tranquilamente, eu abria o embrulhinho só pra perceber que ele estava só dormindo.

Com a ansiedade da noite acordei pela manhã me sentindo mal e, não pude ir trabalhar.

Talvez fosse um daqueles momentos em que Deus escreve certo por linhas tortas. Fiquei em casa doente e pude cuidar do meu mais novo amor, dando água+mel a todo instante em que ele me pedia.

Loucura? Falta do que fazer? Não! Amor e cuidado. Havia um pequeno animal precisando da minha atenção. E, sempre que eu passava perto da cestinha, ele esticava o pescocinho pedindo comida. Como é possível um ser tão pequeno, sem nem ter aberto os olhos, saber que eu podia alimentá-lo? Sei que isso tudo é por instinto, mas prefiro crer que ele me considerou sua mãe-andorinha.

Mais uma noite ele dormiu quietinho a meu lado.

Antes de sair para o trabalho eu lhe dei mais água+mel e fui, deixando-o sozinho.

Á noite quando retornei correndo para casa, ele estava bem fraquinho. Dessa vez, eu trouxe do mercado, um pacote de fubá, que dissolvi um pouquinho na água e fiz uma papinha ralinha como me ensinaram.

Ele teve dificuldades em beber.

Então eu o sequei bem, o enrolei nos panos e o coloquei bem confortável a meu lado no sofá. Eu costurava enquanto conversava com ele. De vez em quando ele esticava o pescocinho em minha direção, piava baixinho e retornava à posição de descanso.

Até que em um momento eu percebi que seu pescocinho estava esticado em minha direção por muito tempo e eu fiquei olhando. Demorei um pouco pra perceber que ele havia ido embora.

Foi triste. Chorei com aquele coisinha tão delicada, frágil e indefesa em minha mão que me fez sentir tanto amor em tão pouco tempo.

Me pergunto se realmente fiz tudo o que pude por ele? E se eu não tivesse deixado sozinho por um dia? E se eu tivesse derrubado qualquer regra e o levado junto a mim para o meu trabalho?

As vezes achamos que estamos fazendo tudo por quem amamos, mas muitas vezes não estamos fazendo o máximo que podemos! Não quero ficar me perguntando "e se", não adianta mais, mas vale a lição.

Nesse amor imenso de duas noites e três dias eu descobri que meu coração ainda está aberto para grandes histórias de amor... com humanos ou com animais.

sábado, novembro 11, 2023

Que história é essa Leonor Episódio 4

 Em 1994 minha mãe ainda morava num sítio em Mendes/RJ e, eu me programei para passar o Natal com ela. Nesse ano o dia 25 caiu num domingo e eu só pude viajar no sábado. Meu filho, por estar de férias, foi para Mendes durante a semana anterior.

Dia 24, sábado, acordei cedo pois não queria perder o trem para Paracambi que passa por Madureira as 6:00hs.

Ás 5:30 saí de casa de mochila nas costas e uma bolsa com os presentes.

Peguei o ônibus e desci em Madureira. Chegando na estação fui informada de que não havia trem pois estavam em greve.

- A Sra. não escutou no rádio, não?

- ??

Pensei um pouco e resolvi pegar um ônibus para N. Iguaçu, pois de lá sai um outro ônibus para Paracambi.

Chegando em N. Iguaçu saí procurando onde era a rodoviária de onde saída o tal ônibus.

- A Sra. tá vendo a torre da igreja lá embaixo? Então, é bem depois...

- ??

E lá fui eu esbarrando em pessoas que ainda compravam presentes no comércio da rua.

Ao chegar na rodoviária não acreditei que todas aquelas pessoas que estavam na fila fossem para o mesmo ônibus que eu queria pegar. E chega ônibus e sai ônibus e nada de chegar a minha vez. Até que, por volta das 11:00hs, consegui entrar no ônibus.

Quando cheguei em Paracambi tive que correr para pegar o ônibus para Mendes que já estava de saída. Por volta de uma hora e pouquinho da tarde cheguei em Mendes. Era só o tempo de ir ao mercado, pegar um taxi e pronto! Estaria no sítio ao lado de minha família!

Mas a coisa não foi bem assim...

Entrei no mercado para levar algumas frutas que minha mãe havia pedido para comprar: um abacaxi e um melancia. Como ia pegar um taxi, resolvi levar também maçã e pão. Andei pelo mercado tentando lembrar de mais alguma coisa. Paguei as compras e quando estava me dirigindo para a saída escutei a trovoada. Quando olhei para a rua me dei conta do temporal que estava desabando sobre a cidade. Respirei fundo, tentando me acalmar e esperei a chuva diminuir. Então fui até o ponto do taxi que me levaria até o sítio. Quando o motorista soube qual o destino da viagem, se recusou a me levar.

- O que? o sítio do cachorro grande? Nem pensar!! A estrada deve estar um horror! O carro não vai passar! etc...

Eu me desesperei:

- Então, moço. O Sr. vai me deixar ir a pé carregando essas bolsas e essa melancia?

Ele me informou que mais ou menos às 16:30hs saía um ônibus para Martins Costa que me deixaria bem mais perto do sítio.

E lá fui eu para o ponto aguardar a chegada do ônibus. Ao que me parece essa linha só tem realmente um veículo. Temos que esperar que ele vá até o destino e depois retorne. Só que, por causa da chuva, o ônibus havia ficado preso do atoleiro e tínhamos que ter paciência para esperar até que ele se libertasse !

Quando ele finalmente chegou (quase as 17:00hs) eu dei Graças a Deus e me joguei dentro dele! A viagem que normalmente leva uns 15 min., durou o dobro de tempo, pois o motorista teve que desviar de todos os buracos e atoleiros que encontrou pelo caminho.

Desci no meu ponto e segui pela estradinha que leva ao sítio.

De repente a chuva voltou a cair e, eu não tinha mais braços para abrir o guarda-chuva.

Parei e fiz um levantamento de como me encontrava. Mochila nas costas: molhada; presentes dentro da bolsa: molhados; cabelo molhado caindo nos olhos; bolsa de compras: encharcada; pão: empapado. A única coisa se reluzia de bonita era a melancia que eu trocava de lugar a todo momento: debaixo do braço esquerdo, depois do direito, na cabeça, no colo, na cabeça, e eu não encontrando posição para levar a tal fruta. Comecei a ficar com raiva dela. Como se a culpa de todo o que me havia acontecido fosse única e exclusivamente dela. A vontade foi de atirá-la longe, pisar bem pisadinho, dar para o primeiro porco que aparecesse.

E lá fui eu estrada a fora brigando com a chuva e com a melancia.

18:30 cheguei ao sítio.

A cachorrada latindo. Minha mãe nervosa. Meu filho preocupado. Eu, de lama até a alma, cheia de fome e de vontade de ir ao banheiro.

Só deu tempo de tomar um banho e me jogar no sofá.

Curti o Natal assim: deitada no sofá me curando do "trauma da melancia".

E a melancia lá, em cima da mesa, brilhando de bonita...


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